A senhora Yomarys Josefina Lopez Rivas, 53 anos, é uma dessas pessoas que há dois anos vive em Manaus. Mas para “chegar até aqui” foi uma verdadeira longa caminhada – isso porque a migrante teve que percorrer a pé com bagagem, fome, sono, sede e a meia idade, cerca de quase duas horas pela rota clandestina mais conhecida por “trochas” para então chegar à cidade Pacaraima, em Roraima.
Josefina conta que decidiu vir para o Brasil para melhorar de vida e recomeçar. Seu filho mais velho já estava morando em Manaus e, então, decidiu partir sem avisá-lo, a ideia era chegar de surpresa para o seu aniversário, porém ao chegar em Pacaraima, teve que ficar durante 13 dias para conseguir retirar seus documentos e seguir viagem, mas durante esse período ficou doente com febre alta, dores intensas e gripe.
A beneficiária do projeto Alimentum, Yomarys Josefina, participa do grupo terapêutico, pelo menos, duas vezes na semana.
Não teve escolhas. Yomarys precisou da ajuda de seu filho para pagar a sua passagem, uma surpresa planejada para comemorar o aniversário, acabou com um pedido de socorro. “Eu queria muito fazer uma surpresa, meus planos era chegar de surpresa para meu filho para, juntos, comemorarmos seu aniversário”, mas com tudo o que estava acontecendo, eu não tive escolhas, tive que ligar para ele e pedir ajuda, então ele comprou minha passagem”, relembrou.
Já vivendo com seu filho e mais quatro pessoas, Josefina enfrentou dificuldades e passou por questões familiares. Um dos desafios, foi ver seu filho enfrentando problemas com bebidas alcoólicas, isso causou fortes crises emocionais e psicológicas, ao ponto de pedir ajuda médica para controlar as crises que vinha sofrendo.
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Nesse processo de lutas internas, conheceu o ADRA e o Projeto Alimentum por meio de uma amiga que a encorajou a pedir ajuda e fazer o cadastro para receber o benefício. “Eu conheci a ADRA através de uma amiga. Fui atrás e graças a Deus, em pouco tempo, consegui fazer o cadastro e receber meu cartão de alimentação. Está sendo uma experiência muito bonita, e eu recomendo que outras pessoas possam conhecer o trabalho da ADRA, uma equipe muito boa que se compromete em nos dar apoio, tem um olhar especial às famílias e, principalmente, as mulheres com filhos”, declarou a beneficiária.
Quebrando barreiras
Para a Yomarys, se comunicar com idiomas diferentes foi umas das primeiras barreiras logo que chegou em Manaus, mas se esforçou para entender e poder se comunicar melhor. Depois que conheceu a ADRA e se tornou beneficiária, a dificuldade com o idioma passou a ser oportunidade. Com a oferta do curso de português para migrantes oferecido gratuitamente pela ADRA, Yomarys, agora, se tornou aluna e tem aprendido dia a dia uma nova língua no Brasil. “O mais difícil foi entender o idioma, mas graças a Deus já estou aprendendo. Ter permanecido aqui em Manaus foi a melhor decisão que eu tomei, pois temos muitas oportunidades para trabalhar, estudar, fazer cursos, aprender sempre algo novo”, ressaltou.
Terapia é vida
Muitos migrantes que chegam ao Brasil, passando pelo intenso fluxo migratório e as condições de vulnerabilidade acabam que, desencadeiam, diversos problemas emocionais como ansiedade, depressão resultados de muitos fatores, e muitos outros acabam sendo vítimas de abusos e violências. Como resposta e preocupados de que forma lidar com essas questões, a ADRA no Amazonas, tem trabalhado desde 2021, o “Grupo Terapêutico” para atender beneficiários com atividades extras e acompanhamento psicológico.
Yomarys Josefina que estava enfrentando problemas com seu filho mais velho e por tudo o que passou como migrante, não perdeu a oportunidade de fazer parte do grupo. “Participar do grupo terapêutico foi umas das melhores coisas que fiz, porque nós que viemos da Venezuela e passamos por tudo, carregamos um peso emocional e psicológico muito forte. Nos encontros tivemos oportunidade de falar, conversar, desabafar, participar das atividades e sou muito grata a Dra. que nos acompanha”.
“Meu eterno agradecimento a ADRA porque quando eu precisei me estenderam uma mão amiga. Esses benefícios da ADRA chegaram na hora exata, não tínhamos trabalho, nem comida suficiente. Eu tenho um sentimento muito forte a parte, pela ADRA e USAID por tudo o que proporcionam a nós, migrantes e a minha família, pelo coração tão nobre. Grata a todos e ao Brasil”, disse com sentimento de gratidão.