Entre janeiro e maio deste ano, mais de 180 mil refeições foram servidas
Estabelecido pela ONU em 1979, o Dia Mundial da Alimentação ocorre em mais de 150 países no mundo, desde 1981, no 07 de junho. O intuito da data é inspirar ações no âmbito da prevenção, detecção e gestão de riscos de origem alimentar, de forma a contribuir com a segurança alimentar, saúde, crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável.
Nos últimos anos, devido à crise na Venezuela e à pandemia, Roraima viu em suas ruas o efeito devastador da fome e falta de moradia. O número de pessoas em situação de rua aumentou consideravelmente. Sem um meio de suprir suas necessidades, a população sofre com a escassez de alimentos.
Fabio Salles é diretor nacional da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) e destaca que a instituição tem feito todos os esforços para entregar alimento a quem tem fome. “Sabemos que isso é primordial para essas famílias, então, enfatizamos campanhas de segurança alimentar”, afirma.
O líder complementa que o maior exemplo dessa grande necessidade são os imigrantes venezuelanos. “Muitas vezes eles só se alimentam uma vez ao dia. Se não fossem nossos projetos, a situação poderia ser pior. Precisamos nos unir para alimentar quem tem fome”, acrescenta Salles.
Projeto Refeições Quentes
Pensando em amenizar a situação, em 2018 a ADRA lançou o projeto “Refeições Quentes”. A iniciativa atende cerca de 2 mil pessoas diariamente por meio de um prato de alimento quente, de domingo a quinta-feira, em diferentes locais, como na Rodoviária de Boa Vista – PRA e em abrigos onde vivem pessoas em situação de rua e indocumentadas, que acabam não tendo acesso à emprego e moradia para produzir o próprio alimento.
A coordenadora do projeto, Natássia de Azevedo, explica que para garantir que esses alimentos cheguem aos necessitados, cerca de dez pessoas contribuem no preparo das refeições (almoço e jantar). “Todo o processo é acompanhado por um nutricionista, desde a elaboração do cardápio até o prato do beneficiário. Esse acompanhamento existe para garantir a qualidade dos alimentos e se de fato ele suprirá a alimentação nutricional de quem vai consumi-lo”, pontua.
A alimentação oferecida aos beneficiários é equilibrada e segue o regime ovolactovegetariano. Os recursos são próprios da agência, que também conta com doações da comunidade e estabelecimentos comerciais. Mesmo diante de grandes desafios, com essa iniciativa, a equipe da ADRA Roraima serviu mais de 180 mil refeições entre janeiro e e maio de 2021.
Além de servir refeições, a agência desenvolve atividades que oferecem oportunidades aos atendidos, através de outras ações.
Vida transformada
A venezuelana Azul Aguinagalde veio ao Brasil em busca de melhor qualidade de vida. Sem dinheiro, sem emprego e com a mãe enfrentando um problema de saúde na época, fez da rua seu local de moradia. A imigrante foi uma das beneficiadas com o cartão de alimentação da ADRA. “Eu cuidava da minha mãe, que tinha câncer, e essa ajuda foi fundamental”, diz. Em junho de 2020, Aguinagalde perdeu a mãe e ficou sozinha no país. Ela conta que em meio às dificuldades, sua vida passou por uma transformação. “Recebi uma mensagem da equipe da ADRA me convidando para ser voluntária. Levei meu currículo e fui aceita. Coloquei o meu coração no projeto. Pude fazer pelos outros o que fizeram por mim. Fui contratada! Hoje tenho carteira assinada e é uma alegria levar alimento às pessoas”, conclui, emocionada.