Manaus, AM – “Eu vim para o Brasil buscando o melhor para meus filhos, mas não tem sido fácil. É difícil deixar tudo para trás, os nossos costumes, os nossos amigos, a nossa família, os nossos vizinhos”, conta Lina Margarita Dionisio, que saiu da Venezuela e mora em Manaus há cinco meses. Lina expressa que chega a ser angustiante estar em um país que fala outra língua e no qual não se tem uma rede de apoio.
Ciente do impacto devastador que a migração tem sobre a saúde mental, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), através do setor de proteção do projeto Providência em Manaus, iniciou em 2022 um Grupo de Apoio Psicossocial.
De acordo com a coordenadora do Providência, Laura Mota, “Foi no atendimento e cadastro de pessoas para participar em projetos da ADRA, que se percebeu a fragilidade emocional desse público, e isso nos impulsinou a iniciar o Grupo Psicossocial”.
“A necessidade de um grupo de apoio surgiu após a procura de beneficiários e não beneficiários da ADRA por atendimento na área de saúde mental”, complementa a assistente de proteção Nilzilane Pontes.
Grupo Psicossocial
O grupo psicossocial reúne beneficiários da ADRA em espaços seguros e de acolhimento [Foto: ADRA]
Nesses encontros os beneficiários podem compartilhar preocupações do dia a dia, histórias de superação, e trocar experiências. “Essa troca entre eles favorece a autoconfiança, o resgate da autoestima e auxilia na prevenção e promoção da saúde mental e bem-estar”, enfatiza a assistente de proteção Nilzilane.
A venezuelana Lina Margarita conta que desde o primeiro convite que recebeu para participar nas atividades da ADRA, tem se sentido acolhida e valorada. “Quando nos reunimos para conversar com outras pessoas sobre nossas histórias percebemos que não estamos sozinhos. Além disso, o tratamento aqui na ADRA nos faz sentir que somos parte de uma família”, disse Lina.
Na mais recente edição do grupo psicossocial, os beneficiários aprenderam sobre ansiedade e alimentação [Foto: ADRA]
“As pessoas as vezes chegam em instituições como a ADRA esperando benefícios económicos. No meu caso não recebo benefício desse tipo, mas já me sinto abençoada com atividades como esta que ajudam a preencher de alguma maneira o vazio que se pode ter”, acrescenta a venezuelana Lina.
Até abril de 2024, mais de 900 migrantes, entre eles jovens, adultos e pessoas idosas, foram beneficiados com ações de promoção de saúde mental e apoio psicossocial ligadas aos projetos da ADRA no Amazonas. [Shirley Rueda, Regional Amazonas]
