As Residências Terapêuticas são espaços que acolhem pessoas que viveram longos períodos internadas em hospitais psiquiátricos e buscam reconstruir suas vidas com dignidade e autonomia.
A experiência traumática dos manicômios deixou marcas profundas nos moradores dessas residências. Leonir Rondon, um dos acolhidos, relembra: “Eu levei muito choque lá (no manicômio), mas aqui os funcionários são cuidadores e nós somos os donos da casa.” Seu relato reforça a importância de um ambiente onde as pessoas possam se sentir seguras e pertencentes.
Goreth Sena, coordenadora da Residência Terapêutica, explica que um dos maiores desafios é garantir que os moradores compreendam que esse novo lar não tem relação com os antigos hospitais psiquiátricos: “Os manicômios eram um tipo de escória da sociedade. Temos a preocupação de sempre estar transmitindo aos moradores que isso aqui não tem relação nenhuma com o hospital, para que não venha à mente deles o que eles já viveram. Eles sofreram muito.”
Vanusa Lírio, cuidadora, destaca a importância do acolhimento: “Eles ficaram muito tempo, muitos anos da vida deles, sem nada, sem nenhum direito. Um dia eles precisaram de uma voz que falasse por eles. Hoje, eles têm essa voz.”
O representante da Secretaria de Saúde de Vitória, Rodrigo Scarabelli, também enfatiza como a Residência Terapêutica representa uma mudança na forma de cuidar dessas pessoas: “Essa forma de cuidar anterior segregava essas pessoas e culminou em graves violações de direitos humanos. Agora a gente tem um lugar onde elas são respeitadas na sua individualidade, são consideradas e ouvidas.”
Para Maria das Graças, moradora da Residência Terapêutica, essa nova fase da vida é marcada pelo sentimento de pertencimento: “Eu gosto muito da minha casa, aqui eu tenho tudo.”
O pastor Clairton de Oliveira, diretor da ADRA Espírito Santo, reforça a importância de um ambiente acolhedor para a recuperação e reintegração dessas pessoas: “É um ambiente amistoso, para que ela esqueça os maus-tratos, entenda que vale a pena viver, que existem pessoas que me amam, que querem me ajudar e que me respeitam.” O trabalho desenvolvido busca oferecer suporte emocional e social, garantindo que cada morador sinta-se valorizado e pertencente.
As Residências Terapêuticas são uma conquista da Reforma Psiquiátrica e uma alternativa humanizada ao modelo manicomial. O acolhimento, o respeito e o direito à moradia digna são pilares fundamentais dessa iniciativa, que vem transformando vidas.
A importância dessas residências vai além da moradia: trata-se de reconstruir vidas, restaurar dignidade e garantir que essas pessoas tenham um espaço de acolhimento e respeito.
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