Por: Josiele Oliveira
Contraponto: Da necessidade à oportunidade
O ano era 2017, e a crise migratória venezuelana já estava instalada em Roraima. Karenny, mãe de três filhos, graduada na Venezuela como docente e atuava como educadora especial, não teve escolha. Ela junto com família decidiu vir embora para o Brasil. No início foi muito desafiador, principalmente entender o idioma, e se adaptar a uma nova vida, começando do zero. “Foi um processo muito forte, cheio de dificuldade e quase não tínhamos o que comer. Mas graças a Deus, recebemos algumas ajudas”, contou.
Karenny e sua família moram em Pacaraima desde que chegaram da Venezuela, juntos, eles dividem uma casinha simples de madeira com uma prima e os filhos, ao todo são 6 pessoas vivendo sob o mesmo teto. Foi essa mesma prima que falou do trabalho da ADRA em Roraima, e que ouviu falar por outras pessoas que existia um projeto, o qual distribuía cartão de alimentação. Foi a notícia que ela precisava saber.
Sem nem pensar duas vezes, Karenny tratou de se informar e procurar a equipe do projeto Alimentum para se cadastrar. Para sua alegria, ela passou pelos critérios de avaliação do cadastro e, desde agosto de 2022, passou a receber o voucher de alimentação.
“A Propaganda é a alma do negócio”
De casa em casa, nas ruas, feiras e portas de secretarias, a beneficiária do projeto Alimentum do grupo 5, Karenny Perez, não hesita em oferecer seus deliciosos bolos a fim de contribuir com o sustento da família. Além dela, os filhos ajudam com as vendas dos bolos na escola e, segundo ela, todos aprovam e sempre compram. Os mais pedidos são bolo de chocolate e torta três leites.
Sem o cartão de alimentação seria muito mais difícil, porque toda a matéria prima para os bolos e tortas gera um investimento, e nem sempre conseguia um retorno significativo com as vendas.
Agora sendo beneficiária do Alimentum, a vida mudou e para melhor. “Hoje com quase 500 reais do cartão, nossa família pode contar com o rancho e eu consigo comprar todos os ingredientes para fazer minhas massas e vender. Ou seja, nós conseguimos economizar nas despesas e ainda investimos nas vendas dos bolos. Isso é uma benção”, enfatizou.
Sonhando alto
Com espírito empreendedor e gosto pela culinária, em especial, a confeitaria, Karenny Perez, entende que seu trabalho passou da fase de sobrevivência, e agora, toma um novo rumo, o do negócio e geração de renda para sua família. O sonho de Karenny é poder realizar cursos profissionalizantes no segmento de confeitaria para aperfeiçoar suas produções e num futuro, não tão distante, ter um local próprio para vender, sem precisar ir de porta em porta. “Eu quero muito fazer os cursos de confeitaria, mas no momento ainda não consigo, mas não desisto desse sonho e eu acredito que vou conseguir”, declarou.