Os atendimentos foram realizados através de encaminhamentos da Agência Adventista de Desenvolvimento e recursos Assistenciais (ADRA Amazonas) com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
Por Lairyne Silva
Chiquinquira Antonieta Arrieche é migrante Venezuelana e atualmente mora há 2 anos na cidade de Manaus, Estado do Amazonas. Após chegar ao Brasil enfrentou muitas dificuldades, entre elas, os problemas de saúde que surgiram e precisam de cuidados.“ Em alguns exames que eu realizei foi comprovado alguns problemas de saúde, então busquei a ADRA para eu dar continuidade nos exames e consultas. A ADRA me ajudou com os encaminhamentos e fui atendida por uma ginecologista”, relatou. Após a consulta a médica solicitou novos exames para ver a possibilidade da paciente fazer uma cirurgia.
Chiquinquira é beneficiária do Projeto ANA (Ações Alimentares e Não Alimentares para Venezuelanos Migrantes no Brasil) e teve suas necessidades básicas atendidas (alimentação, higiene e assentamento). “Eu já havia buscado algumas unidades de saúde aqui em Manaus, mas não tive ajuda, falaram que meu caso não era emergência e eu continuava tendo fortes dores. Fiquei muito triste. Se não fosse o encaminhamento da ADRA, eu não sei o que poderia ter ocorrido. Sou muito grata pela ajuda”, disse. Agora ela aguarda esperançosa os resultados dos seus exames para saber se irá precisar fazer cirurgia.
Para muitos migrantes, a maior dificuldade em buscar atendimento médico é se comunicar em português e relatar o problema sofrido, outro pronto é o preconceito e xenofobia que existe para conseguir uma vaga de atendimento. Imara Betzabeth Machado Vazquez, também precisou ser atendida e encontrou dificuldades. Ela tem a saúde debilitada, por isso, também buscou ajuda da ADRA para conseguir encaminhamento médico. “Fui buscar atendimento nas unidades de saúde e não fui bem atendida, me trataram mal e disseram que eu estava obesa. Então orei a Deus para que eu melhorasse, mas os sangramentos estavam cada vez mais fortes. Eu buscava atendimento com ginecologista e penso que por ser migrante eu não estava conseguindo. Sou beneficiária do Projeto ANA e foi por meio da ADRA Amazonas que eu consegui uma vaga com a médica. A Drª me atendeu muito bem e me pediu vários exames, agora estou aguardando os resultados”, relatou Imara. Em alguns exames foi identificado alguns problemas uterinos na paciente e em breve ela terá o retorno médico.
Morando desde janeiro de 2019 em Manaus, Imara possui dificuldades de locomoção devido seu problema de saúde e isso a impede de trabalhar. Beneficiária do Projeto ANA, ela teve suas principais necessidades atendidas quando chegou ao Brasil e segue aguardando um resultado positivo para fazer a cirurgia e melhorar ainda mais sua saúde.
Outro caso atendido foi de Mahoiis Ayarith Beomont de Navarro, devido a crise na Venezuela ela não conseguia se alimentar bem e isso lhe ocasionou um sério problema de saúde. “Eu adquiri uma doença sanguínea, uma anemia severa que foi identificada como síndrome de Von Willembrand tipo II. Graças ao atendimento ginecológico que eu tive consegui controlar a anemia e agora estou vivendo melhor. Sou muito agradecida ao Projeto ANA não só por esse encaminhamento, mas porque com o benefício consegui melhorar muito minha alimentação e controlar a doença”, disse feliz.
Samira Virginia Marchan Marcano também é beneficiária do Projeto ANA e já havia buscado atendimento em duas unidades de saúde, porém, não teve respostas. Ela possui problemas de saúde e sem os cuidados necessários se quadro piorou e ela começou a sentir fortes dores. “Graças a ADRA eu consegui um atendimento completo com a ginecologista e fiz vários exames, a médica me atendeu muito bem. E em breve eu terei o retorno com a Drª para mostrar outros resultados de exames”, completou Samira.
Os atendimentos foram realizados pela Ginecologista, especialista em Uroginecologia, Drª Riselda Vinhote. “Nós estamos adequando todos os nossos atendimentos e encaixando as pacientes que necessitam de auxílio médico. Cada paciente é agendada e tem retorno porque sempre identificamos algum problema grave que precisa de cuidados especiais. As paciente tem queixas e nessas queixas nós sempre encontramos algo”, relatou a Drª. A médica ainda informou que as vezes os casos são tão sérios que necessitam de cirurgia e com todo esse cuidado é possível diminuir os riscos de saúde dessas mulheres. No consultório, também contribuem com os atendimentos a médica residente, Maria Lauria e as estudantes de medicina, Maria Clara Campos e Raphaelly Venzel. “Esse apoio da gente com a ADRA é muito importante e com certeza está salvando vidas”, finalizou a Ginecologista.
A coordenadora do Projeto ANA em Manaus, Edilaura Mota, diz que além de atender as necessidades mais urgentes e primárias dos migrantes, com a parceria eles conseguem dar mais atenção a casos de saúde. “Através da parceria com a Universidade federal do Amazonas (UFAM), nós estamos indo além do Projeto e conseguindo também atender essa realidade da saúde de migrantes, não só a parte ginecológica mas em outros aspectos da saúde. Temos uma grande procura e após os atendimentos nós fazemos o acompanhamento para saber se a beneficiária está conseguindo realizar os exames.”, informou a Coordenadora.
O setor de Proteção do Projeto identifica os casos e dá o suporte necessário. “A ADRA tem buscado fortalecer as atividades do Projeto e busca também atender as mais diversas necessidades que os beneficiários trazem, por isso, nós também trabalhamos com o setor de Proteção. O que o Projeto não consegue alcançar, a gente busca encaminhamento. E foi esse tipo de encaminhamento que a gente utilizou em Manaus, a gente começou a perceber na chegada das beneficiárias uma grande necessidade de apoio nas questões de saúde da mulher e verificando isso a Coordenação de Manaus buscou parcerias. Estamos trabalhando com a parceria na clínica da UFAM para atender melhor as nossas beneficiárias e buscando ir além do que o Projeto oferece, além de só entregar os créditos também queremos entender quais são as maiores necessidades que o nosso público enfrenta, tanto em Roraima quanto em Manaus”, disse Laurie Reis, Coordenadora Geral do Projeto ANA.