Paulo e Ingrid uniram o útil ao agradável em uma viagem solidária
A história começou muito antes de Paulinho e Guiga, como são conhecidos, terem a ideia de viajar pelo mundo. Em 2014, quando Guiga, que é médica, participou de uma missão para o interior da Amazônia acabou conhecendo a comunidade Nova Jerusalém, no Rio Massauari. O local fica a 30 horas de Manaus e, bem ali onde ela estava, disseram que iriam construir uma escola. Na época, só havia um grande terreno sem nenhum tijolo sequer. Mal sabia Guiga que essa escola não só um dia seria erguida, mas que também faria parte da história dela e de seu esposo.
Quatro anos depois, os dois venderam quase tudo que tinham, deixaram seus empregos de engenheiro naval e médica, colocaram o que sobrou dentro de um Jipe e partiram para uma viagem pelo mundo. Manaus foi o ponto de partida para os próximos 2 anos de vida nômade. O roteiro dos primeiros 8 meses estava traçado e eles iriam percorrer cerca de 50.000Km pela América do Sul.
Embora fosse a realização de um sonho, uma viagem “puramente turística” por 2 anos não parecia uma boa ideia. Queriam aproveitar o roteiro para contribuir com algo mais relevante, mas não sabiam exatamente como nem onde. Durante sua passagem por alguns locais, foram conhecendo outras pessoas com histórias interessantes, o que fez com que eles começassem a enxergar esse maior propósito para sua viagem. Depois de uma conversa com um senhor que viajava de bicicleta arrecadando fundos para uma escola e de conhecer um casal de alemães que construiu um hospital nos Andes, o casal aumentou a frequência das orações e finalmente chegou a um conceito. “Conhecemos projetos inspiradores que nos deram um norte para iniciar o nosso. Então, decidimos apoiar projetos de educação (um nas Américas, um na África e um na Asia) por meio de campanhas online, usando a nossa viagem como forma de divulgação e sempre em parceria com a ADRA”, relata Guiga. E foi por aí que a escola na Amazônia voltou à mente. Em 2018, a Escola Técnica Adventista do Massauari (ETAM), já estava funcionando e atendendo mais de 50 crianças. Os dois já conheciam o trabalho da ADRA no estado do Amazonas e a viagem deles nunca mais seria a mesma.
Por onde passava, o casal nômade compartilhava sua história e contava um pouquinho do que estava fazendo. Além de conhecer culturas diferentes, acabaram tendo também que aprender sobre produção de conteúdo, para poder fazer a divulgação dos projetos. “Usamos principalmente o Instagram, mas também um pouco o Facebook, YouTube, nossa página da internet e também sites de financiamento coletivo para que as pessoas conhecessem o projeto e se motivassem a participar através de voluntariado, divulgação, doações e orações”, comenta Paulinho. Um dos desvios de rota foi exatamente para passar alguns dias na ETAM e conhecer os alunos e professores da escola.
Essa parada não estava nos planos iniciais de Paulinho e Guiga, mas durante a viagem, entrou no roteiro. Para chegar na ETAM, é preciso primeiro chegar em Manaus. De Manaus para Barreirinha, são 9 horas numa lancha rápida ou 24 horas nos famosos recreios, que são os barcos regionais que transportam pessoas. Lembre-se que no Amazonas, os rios são as estradas! De Barreirinha para Nova Jerusalém, onde fica a escola, são mais 2h de lancha rápida, ou 6 horas de recreio. Parece realmente uma loucura construir uma escola ali, mas não para Deus, que nesses últimos anos levantou centenas de voluntários que dedicaram suas férias, vidas, profissões, recursos e talentos para fazer o que parecia impossível. Paulinho e Guiga chegaram já de noite e puderam durante 5 dias conversar com professores, dar aulas e fazer atividades com as crianças da ETAM.
Indo embora da ETAM, deixaram um pedacinho deles por lá. “Os dias passaram muito rápido e na hora de irmos embora bateu a nostalgia de tudo que vivemos ali: as interações com as crianças, os amigos que fizemos, as histórias inspiradoras de cada voluntário da escola, o convívio com a comunidade… tudo isso ficará nas nossas memórias”, contou o casal.
Depois de deixarem o Brasil e seu Jipe, os dois passaram à próxima etapa de sua viagem, agora pela América Central, México e Estados Unidos. Chegou a vez de colocar a mochila nas costas e parar de dormir no porta-malas do carro. Hoje, estão em Togo, na África, trabalhando como voluntários em um projeto da ADRA local. Depois será a vez de Europa e Oriente Médio. África Oriental vem na sequência. Oceania, Ásia e finalmente Alaska. Depois de 2 anos, será o momento de decidir como a vida vai seguir.
Nesse um ano na estrada-rio-céu-montanha, já puderam perceber grandes mudanças na maneira com que enxergam a vida, “desde coisas pequenas como pensar no que eu realmente necessito para viver, dar valor para as pequenas coisas da vida, ser hospitaleiro com alguém que necessite, ter paciência em situações imprevisíveis, respeitar as diferenças um do outro (como casal)”, comenta Paulinho. Por onde passam, ficam imaginando se talvez ali é que eles irão morar um dia e fazer a família crescer. “Não sabemos o que o futuro nos prepara, mas temos planos de continuar envolvidos em causas sociais aonde estivermos. Todos os rincões tem suas necessidades e não é preciso percorrer longas distâncias para ajudar o próximo. Pelo contrário, o próximo é quem está ao nosso lado”, finalizam.
Para acompanhar essa aventura, você pode seguir o casal no instagram pelo perfil @shortlife.bigworld