Alguns afirmam que é impossível traduzir com precisão a palavra “saudade”, pois a mesma vai além das leis gramaticais e beira os sentimentos. Hoje, no Dia da Saudade, celebrado em 30 de janeiro, a equipe da ADRA decidiu apresentar uma história de saudade e superação na intenção de conferir um significado especial ao termo em questão.
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Este é o caso de Eudo Moreno, um venezuelano de 50 anos, cuja jornada de vida exemplifica a resiliência humana diante de adversidades inimagináveis. Ao cruzar a fronteira brasileira em 14 de março de 2018, pesando meros 45 quilos, Eudo carregava consigo não apenas as marcas físicas da escassez vivida na Venezuela, mas também a dor da separação e a esperança por dias melhores.
“A falta de comida na Venezuela me levou a partir com muita tristeza, deixando meu país com um sobrinho”, relembra Eudo, refletindo a mistura de sentimentos que essa decisão acarretou. A adaptação a um novo país apresentou desafios imensos, especialmente pela barreira do idioma e as diferenças culturais.
Dificuldades extremas
A vida em Boa Vista foi marcada por dificuldades extremas. No ano seguinte, o venezuelano recebeu toda sua família em solos brasileiro e juntos se viram obrigados a trabalhar incessantemente por remunerações mínimas. Contudo, a virada em suas vidas veio com a chegada a Manaus e o encontro com a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA). “Foi um ano após nossa chegada que minha esposa conseguiu emprego através de um projeto da ADRA chamado SWAN – Settlement Wash and Non-Food Assistance to Venezuelan Migrants in Brazil. Esse momento foi um divisor de águas para nós,” ele conta, expressando gratidão pela ajuda recebida.
De acordo com o imigrante, a ADRA desempenhou um papel vital na reconstrução da vida de sua família, oferecendo não apenas suporte material, mas também esperança. Como voluntário na organização, Moreno encontrou uma forma de canalizar sua saudade em ação positiva, ajudando outros imigrantes a se adaptarem à sua nova realidade. “Meu objetivo é oferecer o mesmo tipo de apoio que recebemos, uma mão amiga para quem precisa”, afirma, ressaltando o valor da solidariedade e do apoio mútuo.
Saudade
A saudade, para Eudo, é mais que uma palavra, um sentimento que o remete às raízes e à infância na Venezuela. “A palavra saudade me leva de volta aos momentos felizes com minha família. Apesar da distância, faço questão de manter nossas tradições vivas”, ele compartilha, destacando a importância de preservar sua identidade cultural.
A psicóloga comportamental, Naila Eduarda, oferece uma visão sobre a complexidade da saudade. “É uma emoção difícil de mensurar em palavras, que carrega tanto a dor da perda quanto o aconchego das memórias. Para imigrantes como Eudo, a saudade pode se tornar um elo que os conecta ao passado, ao mesmo tempo em que os incentiva a construir um novo futuro”, ela explica.
Naila frisa que no Dia da Saudade, a história de Eudo Moreno ressalta a capacidade do ser humano em superar obstáculos e encontrar um novo sentido de pertencimento longe de casa. “A trajetória do venezuelano ressalta a importância de projetos como o da Agência Adventista que tem o intuito de apoiar aqueles que buscam novas oportunidades”, afirma a psicóloga.
“Agora, sinto que este país também é meu lar. Aprendi muito e, apesar dos desafios, foram os melhores anos da minha vida”, reflete Eudo, encontrando no Brasil um novo começo e uma esperança renovada.
Sobre o projeto SWAN
O projeto que transformou a vida de Eudo Moreno e de sua família foi o SWAN, uma iniciativa da ADRA em parceria com a USAID/OFDA, quem nos anos de 2018 e 2019 se dedicou a apoiar a integração dos refugiados venezuelanos no Brasil. Este programa ajudou a realocar centenas de venezuelanos que entraram ao Brasil por Roraima em outros cinco estados brasileiros, proporcionando-lhes não apenas auxilio para cobrir suas necessidades básicas imediatas – como moradia, alimentação e higiene – mas também promovendo a longo prazo sua plena integração na sociedade brasileira. O objetivo do projeto SWAN foi garantir que essas famílias possam construir uma nova vida com dignidade e independência, redefinindo suas histórias em um novo país.
Para contribuir com projetos como este, acesse adra.org.br