No último dia 8 de agosto de 2025, a ADRA Regional Pernambuco, celebrou a conclusão da turma do curso de Libras em parceria com a Sede Administrativa da Igreja Adventista para o Leste de Pernambuco.
Com quase um ano de dedicação, sendo oito meses de aulas intensivas, 15 alunos alcançaram a certificação do curso de Libras – Língua brasileira de sinais, marcando um passo significativo para a inclusão da comunidade surda nos espaços de fé e convivência. Além dos alunos certificados, estiveram presentes na cerimônia, familiares, amigos convidados, o Presidente da Igreja Adventista para o leste de Pernambuco, Pr. Paulo Fernando, o Diretor de Ação Solidária da Igreja Adventista, Pr. Emilio Faye, a Coordenadora do Núcleo ADRA Recife, Suzicleide Maria, a professora e coordenadora do curso Miraceni Barbosa e o Diretor ADRA Regional Pernambuco, Adilson Marques.
O curso nasceu com um propósito claro: ajudar pessoas ouvintes a se comunicarem com pessoas surdas em sua própria língua, garantindo inclusão, respeito e dignidade. Para a coordenação, a proposta vai além da linguagem, pois oferece a surdos e ouvintes a oportunidade de conhecer a Libras e participar integralmente da vida dos surdos. Por meio da parceria com a Administração da Igreja Adventista, o público-alvo inicial foram os membros adventistas, muitos já engajados em ações comunitárias.
Estrutura e conteúdo
Ao longo das aulas, os alunos tiveram contato com uma ampla gama de sinais e expressões, passando por temas cotidianos e também religiosos. Foram abordados tópicos como datilologia, cores, verbos, alimentos, elementos da natureza, transportes, calendário, profissões, família e até mesmo os sinais bíblicos.
A cada encontro, novos horizontes se abriam para os participantes, que aprenderam a compreender o valor da comunicação visual-gestual como ponte de empatia e cidadania.
Desafios e perseverança
Apesar da boa procura inicial, com 30 inscritos, apenas 15 concluíram o percurso. Os principais desafios estiveram ligados à logística: a coincidência das aulas com outras atividades desses inscritos, eventos que ocorreram simultaneamente e até questões mobilidade, ida até o espaço onde ocorriam as aulas. Ainda assim, a turma manteve-se firme, unida pelo desejo de aprender e aplicar a Libras em suas realidades.
Perfis que inspiram
A turma foi composta majoritariamente por jovens (70%), mas também incluiu adultos e idosos. Entre os formandos, histórias marcantes revelam o impacto real do curso:
- Rita Ramos, mãe de um surdo, relatou que por anos se comunicou com o filho apenas por gestos caseiros. Hoje, após o curso, já consegue usar Libras para dialogar com ele e segue motivada a continuar aprendendo.
- Josiane Frazão, profissional da saúde, deu um passo além: não apenas concluiu o básico como já está formando uma nova turma para ser multiplicadora da Libras.
- Késya, estudante de ensino médio, foi aluna e participou de outra turma do curso, ela criou um clube de Libras em sua escola e já se prepara para atuar como intérprete.
A ex-aluna da professora Miraceni Barbosa, enviou seu relato, Késya descreveu o aprendizado como uma transformação pessoal:
“Aprender Libras não é apenas adquirir uma nova língua, é abrir um novo olhar sobre o mundo, sobre a comunicação, sobre o respeito e a inclusão. (…) Quando iniciei esse caminho, confesso que tinha muitas dúvidas. Será que eu conseguiria aprender? Será que me expressaria bem? Mas logo percebi que Libras não é só feita com as mãos. É feita com o coração. A cada gesto, a cada sinal, aprendi a escutar com os olhos e a falar com a alma.”
Seu depoimento reforça que o curso foi mais que uma capacitação: tornou-se um espaço de transformação e descobertas.
Raízes e continuidade
A professora do curso, Miraceni Barbosa, com experiência anterior no projeto Ciranda Auditiva da UPE, trouxe seu conhecimento para elaborar a proposta oferecida pela ADRA. Embora hoje desvinculada da universidade, ela assumiu o desafio de estruturar as aulas com apoio e certificação da Agência, mostrando que a inclusão pode nascer de iniciativas locais e voluntárias.
O futuro: novos módulos e mais alcance
A experiência bem-sucedida abre caminho para novas turmas. A previsão é de ajustes importantes: mudanças no objetivo, carga horária e horários, além da abertura das inscrições para a comunidade em geral.
O sonho é ousado: atingir o maior número possível de pessoas, cultivar amor e empatia pelos surdos e tornar a sociedade cada vez mais acessível. Mais que isso, a coordenação enxerga o curso como o primeiro passo para formar intérpretes no contexto religioso, uma preocupação já entendida pela comunidade adventista.
Um compromisso com a inclusão
Ao concluir esta etapa, os alunos e a professora celebram não apenas um certificado, mas o início de uma caminhada. O curso reforça que inclusão não é favor, é direito e que cada sinal aprendido é uma semente de transformação.
A jornada de Libras que começou em setembro de 2024 se encerra agora em festa, mas com portas abertas para novas histórias e conquistas.
Com essa iniciativa, a ADRA reforça sua missão de levar justiça, compaixão e amor a todas as pessoas, utilizando projetos de desenvolvimento que impactam vidas de maneira prática e transformadora.
Convidamos a todos a conhecerem mais sobre nossos projetos e a contribuírem para que iniciativas como essa, que promovem inclusão e cidadania, possam continuar alcançando e beneficiando mais pessoas em todo o estado de Pernambuco.
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