Por: Josiele Oliveira
A insegurança alimentar é uma situação recorrente entre os migrantes e refugiados no Brasil, principalmente entre os venezuelanos. Obrigados a deixarem seu país, milhares deles, cruzam as fronteiras do Brasil sob condições adversas e, muitas vezes, desumanas. Entre os principais motivos está a fome!
Há 1 ano vivendo no Brasil, a jovem mãe venezuelana, Leymaris del Valle Perdomo, 20 anos, chegou a Roraima com um filho de 7 meses e grávida de apenas 4 meses de gestação. Uma situação bastante delicada, sem muitas perspectivas, apenas um desejo em mente: Sobreviver! Sim, este sentimento foi o mais forte que podia sentir naquele momento, era preciso ter força, coragem, e vontade de dar uma vida melhor aos filhos e a si mesmo.
Leymaris, tem passado dias difíceis, agora com uma linda bebê de colo e o filho primogênito com quase 2 anos, trava uma luta quase interminável de desnutrição já que chegou pesando pouco mais de 40 kg, por falta de alimentação básica e de qualidade – uma dura realidade – dividida entre comer “bem” para suprir a fome e poder amamentar ou preferir dar o pouco que tem aos filhos e desmamá-los.
Para conseguir as duas coisas, a jovem mãe conta que, com algumas diárias como faxineira, consegue comprar alguns alimentos básicos como arroz, feijão, farinha de milho, leite e Mucilon. Questionada sobre quantas vezes consegue fazer as refeições, Leymaris, timidamente respondeu que uma ou duas vezes por dia, disse, ainda que, com o que ganha, não dá para comprar frutas, verduras e nem carne e apesar do pouco, têm conseguido sobreviver e aumentar o peso, hoje ela conta que se sente melhor e mais forte, não chegou a se pesar ou fazer acompanhamento nutricional, mas acredita que deve estar com mais de 50 kg.
Quanto vale uma maçã?
Há um ano sem comer maçã, Leymaris, agora pode comprar quantos kg desejar com o cartão de alimentação.
Para a beneficiária Leymaris, a maçã é sua fruta preferida e por consequência da fome e crise venezuelana, a fruta passou a ser um desejo de consumo distante e quase irreal. Ao perguntar sobre qual fruta ela deseja comprar com o cartão de alimentação, a resposta foi rápida e cheia de emoção: “Faz 1 ano que não como maçã, então eu desejo muito poder comprar e comer com meus filhos”, declarou.
Contribuir com a redução da insegurança alimentar de imigrantes venezuelanos no Brasil é o grande objetivo do Projeto Alimentum, implementado pela ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) e financiado pela USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).
Neste mês de fevereiro Leymaris foi contemplada com o cadastro para receber o cartão de alimentação por 6 meses, isso dará condições dignas de viver com uma melhor alimentação para ela e os filhos, e o melhor, ela poderá escolher o que quer comprar, inclusive, quantos kg de maçã desejar.
“Estou muito feliz e agradecida a todos da ADRA por essa grande ajuda. Agora quero poder recuperar meu peso, chegar a 60 kg, comprar comida boa, fazer um saboroso frango guisado, e comer muitas maças”, declarou com grande sorriso.