A Organização das Nações Unidas afirma que aproximadamente 270 milhões de pessoas em todo o mundo consumem drogas de forma ilícita.
Silvia Tapia
“Melhor Conhecimento para um Melhor Atendimento”. Com esse tema, a Assembleia Geral das Nações Unidas comemorou, no passado, em 26 de junho, o Dia Mundial contra o Tráfico Ilícito e Abuso de Drogas. Essa data foi estabelecida em 1986, com o objetivo de unir os países na luta contra o comércio ilegal de drogas e fortalecer programas de prevenção ao consumo de entorpecentes. Nesta ocasião, também nos lembramos das pessoas que perderam a vida na luta contra as drogas.
Segundo estimativas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, com sede em Viena, as drogas matam anualmente um total de 600.000 pessoas. No mundo, existem 270 milhões de consumidores de entorpecentes. Esses dados revelam um crescimento significativo de 30% nos últimos 10 anos.
Em seu relatório mundial sobre drogas, lançado anualmente, o escritório também revelou que a droga mais consumida continua sendo a cannabis com 192 milhões de usuários ao redor do mundo. “A maconha também continua sendo a principal droga que coloca as pessoas em contato com o sistema de justiça criminal, respondendo por mais da metade dos casos de infrações à lei de drogas, com base em dados de 69 países, no período de 2014 a 2018”, afirma. Porém, a maior preocupação continua sendo o consumo de opiáceos.
O cenário se agravou com a chegada da Covid-19. O fechamento de fronteiras e outras restrições acarretaram uma diminuição abrupta das drogas nas ruas, fato que levou ao aumento dos preços e à redução da qualidade do produto oferecido. O aumento de desemprego e outras dificuldades sociais causadas pela pandemia aumentaram os setores mais pobres e fracos da população, que automaticamente se veem mais expostos ao consumo, ao tráfico e ao cultivo de drogas para poder sobreviver em meio à crise econômica. O trabalho de conscientização das entidades não governamentais e o sistema de saúde também estão fragilizados.
O panorama no Brasil
Pesquisas realizadas no território nacional com aproximadamente 17 mil pessoas em mais de 300 municípios, em agosto de 2019, revelaram que 4,9 milhões de brasileiros usaram alguma droga ilícita nos últimos 12 meses. E o percentual é maior entre jovens de 18 a 24 anos.
É importante ressaltar que a maconha é a droga ilícita mais consumida em nosso país, e em segundo lugar está a cocaína. 1 milhão e 400 mil pessoas entre 12 e 65 anos afirmaram ter usado crack alguma vez na vida.
Os envolvidos nesse levantamento de dados alertaram que esse número representa apenas parte da realidade do consumo de drogas no Brasil, pois foi a pesquisa foi realizada de casa em casa. Usuários de drogas nas ruas não foram considerados.
Pró-Vida
Além de criar consciência sobre esse gravíssimo problema social e o desejo de unir forças para um combate mais eficiente, nesta data também são avaliadas novas possibilidades de ajuda a dependentes químicos que desejam dar um novo rumo a suas vidas. Nesse contexto, encaixa-se o trabalho que a ADRA realiza: reabilitação.
Em Cachoeirinha, interior da Bahia, a 120 quilômetros de Salvador, encontra-se a Comunidade Terapêutica Pró-Vida. Essa comunidade oferece ajuda para dependentes químicos há 14 anos. O tratamento, que envolve cuidado físico, emocional e espiritual dos pacientes, concentra-se no uso de 8 remédios poderosos oferecidos pela natureza. Esses remédios, aliados à laborterapia, também conhecida como a terapia do trabalho, e o atendimento psicológico/psiquiátrico têm resgatado muitos jovens do mundo das drogas.
“Todas as pessoas que chegam ao PRÓ-VIDA estão quebradas, no fundo do poço. Perdem autoestima, perdem a família e perdem qualquer vestígio de esperança”, afirma Vasti Reiner, coordenadora do Projeto Pró-Vida.
João Alfredo é prova dessa triste afirmação feita por Vasti. Quando chegou à comunidade pela segunda vez, sua vida estava totalmente destruída. Meses atrás, João completara o tratamento, mas em questão de semanas reencontrou velhas amizades e voltou aos velhos costumes. Os irmãos desistiram, a mãe sofria sem saber o que fazer, e ele realmente queria mudar, mas se sentia preso no vício.
João acredita que foi Deus. Um dia como qualquer outro, ele acordou com forças suficientes para, em vez de se drogar, procurar um centro de reabilitação. Foi assim que ele voltou à comunidade Pró-Vida e seis meses depois começava uma nova vida.
Hoje, João é formado na área financeira, está casado, tem uma filha de quase 3 anos e trabalha numa instituição de ensino fundamental como contador. “Tudo que eu sou e tenho hoje somente foi possível porque um dia conheci pessoas que me ajudaram a consertar minha vida. Eu estava quebrado, aos pedaços, e Deus os usou para me reconstruir numa melhor versão de mim mesmo. Sou grato a Deus porque a ADRA existe”, afirma João, emocionado.
Conheça o trabalho que a ADRA realiza em favor de pessoas com dependência química.
O custo para manter o tratamento de pessoas como João equivale a três salários mínimos, que nem todos podem custear. Por esse motivo, a comunidade oferece bolsas quando percebe que há necessidade. Porém, lamentavelmente, nunca é suficiente. Se você, assim como nós, acredita em segundas chances, faça sua doação e nos ajude a continuar resgatando vidas da dependência química: https://adra.org.br/projetos/bahia/pro-vida/