Manaus, AM – Há 6 meses, Leomairys Cequeda migrou da Venezuela por conta da crise econômica que tornou a vida complicada devido a falta de recursos para manter-se com seus 3 filhos. Ela conta que veio para o Brasil em busca de estabilidade e melhorias na qualidade de vida da sua família.
Leomairys que é mãe solteira, perdeu a visão aos 11 anos de idade. “Um dia comecei a enxergar embaçado e, em menos de uma semana, perdi a visão”, conta. “Foi um período muito difícil em minha vida, eu não queria comer, não queria sair da cama, não queria nada. Sentia que tudo estava acabado para mim”.
Mas sua força de vontade foi maior, “Eu escutava meus pais chorando e então disse: não posso continuar assim, tenho que sair dessa cama e seguir em frente por eles e por mim”, relembra Leomairys.
Leomayrys chegou ao Brasil acompanhada do filho mais novo, de 8 anos, e de uma vizinha que a conduziu até Manaus. Na capital do Amazonas uma prima a receberia, mas isso não aconteceu, então com o pouco dinheiro que ainda ficou da viagem conseguiu se acomodar em um pequeno quarto.
“Nos primeiros dias, meu filho e eu passamos por muitas necessidades, principalmente de alimentação, e isso me desanimou, pois senti que tudo estava desabando para mim”, relata.
Foi naquele momento, que uma vizinha a ajudou para conseguir a regularização dos documentos brasileiros, onde a equipe do projeto Providência estava realizando cadastros para uma ajuda de alimentação.
“Graças a Deus, fui selecionada e esse projeto tem sido de grande ajuda para nós, pois agora podemos nos alimentar bem e ter forças para sair para trabalhar”, expressa.
Leomairys conta que um trabalho comum é algo difícil de conseguir pela sua deficiência, mas que isso não é uma limitação para sair e vender amendoim, jujuba e até água nas ruas. “Sinto que a deficiência não é uma limitação para o trabalho. Você tem que trabalhar, tentar seguir em frente, não esperar que as coisas lhe sejam dadas o tempo todo”.
Ao lembrar da primeira compra com o cartão de alimentação do projeto Providência Leomairys sorri, e conta que o seu filho estava muito emocionado, “Parecia que o carrinho de supermercado não ia dar conta e meu filho estava dirigindo esse carrinho de um lado para o outro, como se ele não tivesse freios”, conta sorridente.
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Migrar é para os corajosos
“Para migrar você precisa ser corajoso porque não é fácil deixar sua terra natal, o lugar onde nasceu, onde cresceu, onde estão as pessoas que você ama, e ir para uma terra onde você não sabe o que vai acontecer, como vai se sair, o que o espera”, disse Leomairys.
Apesar de todas as dificuldades, Leomairys e seu filho estão conseguindo sobreviver e ambos sonham em poder voltar ao seu país e abraçar seus entes queridos.
Enquanto isso, o pequeno Leorby vai à escola e ajuda sua mãe em seu tempo livre. Eles continuam vendendo alguns produtos na rua e esperam que as coisas melhorem cada vez mais.
“Agradeço a Deus, à USAID, que é a entidade doadora, e à ADRA por todo o apoio. E meu desejo é que, assim como eles me ajudaram, continuem ajudando muitas pessoas que também estão esperando uma oportunidade como a que eles me deram”, conclui.
Projeto Providencia
O projeto Providência, implementado pela ADRA, é uma iniciativa da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e tem como objetivo contribuir para a redução da insegurança alimentar de 5.900 pessoas. Para isso, os beneficiários recebem cartões para compra alimentos e são orientados sobre cuidados da saúde por meio de uma alimentação saudável.
Shirley Rueda – Assessoria de Comunicação