ADRA Roraima contribui para a qualidade de vida de migrantes e refugiados

Damelis Mosqueda chegou a Roraima com a saúde debilitada porque se alimentava apenas 1 vez por dia. A história dela é comum a muitas outras de migrantes e refugiados venezuelanos, que chegam ao Brasil em busca de ajuda e um recomeço

Por Lairyne Silva

Damelis faz costuras em geral e sua especialidade são roupas de bebê. (Foto: Lairyne Silva)

Damelis Josefina Mosqueda de 57 anos é costureira, mãe de três filhos, dos  quais, dois possuem deficiência física, um com perca severa da audição e outro é paraplégico. Em 2019, a vida dos quatro teve uma reviravolta com a grande crise econômica e política na Venezuela. Além da falta de comida no país, ela também enfrentou com os filhos, a falta de emprego, segurança, de dinheiro e a escassez de medicamentos, os que tinham eram revendidos por um preço muito alto.

 Sem saber o que fazer, ela planejou deixar tudo para trás e ir em busca de um novo lugar pra viver com a família. A decisão foi deixar a cidade natal de  Maturin – VE e ir atrás de ajuda e recomeço no Brasil, o grande desafio era como chegar em solo brasileiro. Assim, Damelis teve que vender todos os móveis e eletrodomésticos da sua casa para poder ter dinheiro e viajar.

Foram três “longos dias”, de incertezas, medo, preocupações, mas com a esperança de um novo resinificado para a vida. A chegada no destino final: Boa Vista, capital de Roraima, reservava grandes surpresas.

Ela relembra que todo sofrimento valeu a pena, pois, hoje, está tendo uma melhor qualidade de vida. Ela conta que, após o início da crise na Venezuela, perdeu 20kg devido a escassez de alimentos.

“Durante esse período tortuoso na Venezuela, além de todo o sofrimento eu adquiri muito estresse e preocupações, e acabei ficando muito frágil, cheguei a perder 20 kg por não ter como me alimentar até que chegou um dia que não dava mais pra ficar. Eu tinha medo de largar meu país, mas, a minha saúde era mais importante e a vida dos meus filhos também, relembrou emocionada. Comíamos uma vez por dia, por isso eu tinha muitas dores no estômago e tive medo de morrer. Quando eu cheguei em Boa Vista eu pesava 38kg. Hoje, graças a Deus, voltei ao meu peso normal, estou entre 58kg a 60kg”, relembrou a trajetória.

Em Boa Vista, assim como na Venezuela, ela faz costuras em geral e sua especialidade são roupas de bebê. Porém, as vendas são poucas e não dá pra suprir a sua necessidade. Foi quando ela chegou até a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA Roraima) e fez seu cadastro no Projeto ANA (Ações Alimentares e Não-Alimentares para Migrantes Venezuelanos no Brasil). “Uma amiga que já estava a mais tempo em Roraima falou pra mim que poderíamos ter ajuda. Então, eu consegui fazer meu cadastro em uma Igreja Adventista do bairro cambará. Sou beneficiária do Projeto ANA, recebo ajuda na alimentação, casa e cozinha e higiene. É uma ajuda de Deus, chegou em um momento que eu mais precisava. Graças a ajuda que eu tive da ADRA eu comecei a aumentar meu peso”, relatou emocionada.

Hoje, Damelis voltou ao seu peso normal, está bem com os filhos e conseguiu adquirir até uma máquina de costura. “Eu pretendo construir meu futuro no Brasil. Sinto saudades da minha família que ainda está Venezuela, mas não quero voltar pra lá”, completou.  

 

 

Um verdadeiro Dom

Anthony consegue reproduzir qualquer fotografia no papel, os desenhos impressionam pela perfeição e delicadeza nos detalhes (Foto: Lairyne Silva)

Em um acidente, Anthony Figueroa (filho de Damelis) perdeu os movimentos das pernas. Mas, a deficiência não impediu o jovem de lutar pelos seus sonhos. Desde muito cedo ele aprendeu a desenhar. Ele consegue reproduzir qualquer fotografia no papel, os desenhos impressionam pela perfeição e delicadeza nos detalhes. Mas, ele reclama que nem todos querem pagar pelo seu trabalho. “As pessoas não querem pagar pela minha arte e isso me deixa triste. Eu pretendo me especializar cada vez mais pra poder impressionar as pessoas e elas queiram comprar os meus desenhos”, disse ele.

Anthony conta também que está muito feliz morando em Roraima com a mãe e que pretende conhecer outros lugares. Ele não quer voltar a morar na Venezuela. “Tenho vontade de conhecer São Paulo. É um Estado muito grande, com praias e muitas opções de equipamentos que podem ajudar na minha saúde” .

Ele também  se sente agradecido a ADRA e diz que se não fosse a ajuda que recebe, ele não estaria bem de saúde. “A ADRA ajuda de todas as formas, estou me alimentando melhor e consegui aumentar meu peso. Tenho gastos com material de higiene, pois, uso fraldas. Utilizo meus medicamentos de forma correta e minha mãe consegue comprar isso tudo através do benefício que recebe ”, disse Anthony.

 

 

Hoje, Damelis e os filhos vivem melhores com a Esperança renovada e cheios de planos futuros. (Foto: Lairyne Silva)

 

Projeto ANA

O projeto ANA (Ações Alimentares e não Alimentares para Migrantes Venezuelanos no Brasil), tem o objetivo de  reduzir a insegurança alimentar de 7.500 famílias (cerca de 31. 273 mil pessoas) de migrantes venezuelanos nas cidades de Boa Vista, Corredor Migratório de Roraima, e Manaus, ao mesmo tempo que proporciona o acesso a bens domésticos básicos e artigos de higiene.

Até o mês de maio de 2021, já foram beneficiadas 31.273 pessoas, e distribuídos 63.815 créditos para compra de kit alimentação, 52.333 para compra de kit de higiene e 16.741 para compra de kit de itens de casa e cozinha.

O projeto funciona com a parceria da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e seus escritório FFP (Food for Peace) e OFDA (Office of U.S. Foreign Disaster Assistance).

 

Para conhecer mais projetos da ADRA Regional Roraima acesse:

REFEIÇÕES QUENTES: Refeições Quentes – ADRA Brasil

EMERGÊNCIA RORAIMA: Emergência Roraima – ADRA Brasil

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