“A Covid subiu o morro, aqui tem pessoas sem dinheiro para comprar máscara, algumas podem até fazer sabão porque guardam óleo velho em casa. Onde procurar ajudar se são chutadas nas ruas?”.
O texto acima são trechos da poesia escrita por Kimberly Teixeira da Silva Santos, 15, uma dos participantes do Projeto: “Projovem manda a pala contra a COVID 19”, do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) – Projovem, do município de Vitória, ambos coordenados pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), regional Espírito Santo.
O projeto do Projovem possui o foco no fortalecimento de vínculos familiares e relacionais, o retorno à escola e sua permanência no sistema de ensino. Este trabalho é realizado por meio do desenvolvimento de atividades que estimulam a convivência social, a participação cidadão e uma formação geral para o mundo do trabalho.
No período de pensamentos e reinvenção de estratégias no início da pandemia, os colaboradores da ADRA, assessores técnicos e educadores sociais, que atuam nos CRAS de Vitória, viram a oportunidade de ajudar os adolescentes que fazem parte do Projovem com o lançamento de um edital para a participação do Festival Fica em Casa ES (Festival Autoral Pandêmico), do Estado do Espírito Santo, o qual premiaria por categorias produções de poesia e música dentro do contexto da pandemia.
O evento estava sendo criado para incentivar a produção cultural capixaba, de forma criativa e analítica, sobre a realidade social, psicológica, política e econômica neste período de pandemia. Com a dificuldade lançada pelo momento de isolamento devido a propagação do vírus, a oportunidade bateu a porta dos colaboradores para a realização de um trabalho em prol dos adolescentes de forma criativa e remota.
Um dos grandes potenciais do Serviço de Convivência é o trabalho coletivo com todos os jovens envolvidos, algo bem valorizado pelos mesmos em seu desenvolvimento coletivo. Pelo fato do Projovem ser um serviço que é realizado dentro do CRAS, o qual também é coordenado pela ADRA em parceria com o município de Vitória, toda a equipe se mobilizou para este Edital aproveitando a dinâmica que seria ofertada aos jovens com a participação individual de todos.
A educadora social e colaboradora da ADRA, Karine Juvêncio, decidiu reunir seu companheiros de trabalho para realizarem um pedido especial à organização do festival. Ela solicitou para que fosse realizada uma abertura de outra categoria específica para a faixa etária dos adolescentes, pois o evento foi lançado de categoria única, sendo que participariam candidatos com experiências de outros projetos anteriores já ocorridos. “Eu escrevi para a organização do festival para que abrisse um categoria onde eles pudessem disputar com participantes de igual para igual. O festival aceitou prontamente a minha proposta, e criaram a categoria no meio do festival. Eu sei como é dificil mudar um projeto durante o andamento, mas eles mexeram e foi lindo”, relata a educadora social. Ela também explica o objetivo principal pelo qual ela e o grupo de colaboradores se dispuseram para auxiliar os adolescentes mais do que nunca neste período de isolamento: “O objetivo principal foi fazer com que essa juventude entenda que a literatura salva. Leitura, escrita e arte, foram as formas que tivemos para nos movimentarmos estando reclusos em isolamento. Estávamos em um momento muito sério da pandemia e não podíamos sair de nossas casas, mas foi uma oportunidade de transpor de ambientes pela imaginação e pela literatura”, afirma, Karine Juvêncio.
Para a participação deste projeto, o número de interessados se ampliou a nivel de território, fazendo parte os Cras de Maruípe, de São Pedro I, São Pedro II, o Centro de Integração Social (Cis) Conquista e uma única adolescente do CRAS Itararé. Apartir de então, a equipe de colaboradores organizou oficinas on-line com os 23 adolescentes inscritos no projeto, e para incentivar a produção dos textos ainda mais foram foitos contato com artistas, capixabas e não capixabas, para que ministrassem essas oficinas virtuais.
Os participantes se empenharam e se capacitaram durante para o festival, realizando essas aulas ministradas pelos profissionais à distancia, e se empenharam para a classificação para a final. “A maior parte dos nossos jovens foram classificados e disputaram entre eles a final. Foi de fato incrivel, mas não surpreedente, pois como os poemas ficaram muito bons já era de se esperar um certo destaque. Creio que basicamente tudo que esses jovens precisam é de uma chance, e no festival eles tiveram contatos com vários artistas de referência no estado e isso foi fundamental no processo”, conta com orgulho, o educador social, Thiago Ferreira Gomes.
A única adolescente que participou do CRAS de Itararé, venceu o festival como a melhor música na categoria infanto-juvenil, que graças a equipe de colaboradores se tornou real. Mesmo com a finalização do festival, que não tinha por objetivo apenas inscrever os adolescentes para concorrer a um prêmio, e sim com uma proposta de intervenção maior com o fortalecimento de vínculos comunitário e familiar, o projeto continuou. “Então ele inicia antes do festival, se estendeu durante, com outras vertentes, e ele não se encerrou na live dos ganhadores do festival, ele se encerrou com o projeto do livro. Então, organizamos todas as produções que os meninos fizeram durante do festival pandemico, e produzimos um livro, mesmo não sendo físico por enquanto, mas digital. Este livro é a união de toda a produção realizada de maio a dezembro”, relata a colaboradora da ADRA, Larisse Nunes, assessora técnica que auxiliou a realização do projeto.
Até o mês de dezembro ocorreram encontros com artistas profissionais da música e poesia que estiveram no projeto, e com os adolescentes finalistas. Os encontros ocorreram em parques abertos, com a utilização de máscaras e seguindo todas as orientações de saúde, devido a pandemia. Para terem uma socialização maior, além de premiarem as melhores poesias e músicas feitas pelos pequenos participantes, os profissionais dedicaram livros para cada um deles, para inspirarem os artistas aspirantes na dedicação de suas vida para além do festival que se encerrara.
Além da participação externa com os artistas profissionais, a equipe do Projovem trabalhou intensamente a relação interpessoal dos participantes durante toda a jornada, algo que os impactou para toda a vida. “Ver esse vinculo entre os jovens, um ajudando o outro no processo da produção, isso ultrapassa o muro dos CRAS. Isso vai para as famílias, para o território, para a própria área da cultura do Espírito Santo, que mostrou uma juventude potente e capaz na participação do festival. Foi um trabalho de grande sucesso”, finaliza, Larisse Nunes.
Leia o livro “Projovem Manda a Pala contra a COVID 19”, na íntegra:
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