Programa de educação da ADRA Brasil contribui para a retirada de famílias dos índices de pobreza

Programa Escrevendo e Reescrevendo Nossa História, implantado no Pará, já ajudou mais de 12 mil pessoas a ter um futuro melhor

A pandemia da Covid-19 contribuiu com a disparada em um índice que já estava alto no Brasil: a pobreza e a extrema pobreza. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em números absolutos, 62.525 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha de pobreza e 17 milhões sobrevivem em situação de extrema pobreza. Este último dado significa que essas pessoas acordam pela manhã para viver com o equivalente a R$ 5,60 por dia.

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Imagine passar o mês inteiro com apenas 130 reais disponíveis para cobrir todas as despesas. O valor equivale a menos de 1/8 do salário mínimo e certamente está bem distante de garantir a segurança alimentar. Pois é com isso que vive a Maria Vitória, 39 anos. “Não tive oportunidade de estudar. Estou desempregada e minha única renda é uma pensão que recebo do pai de uma de minhas filhas. Um dia a gente come mistura, em outro apenas arroz ou feijão… Vamos levando”, conta a moradora de Ceilândia, região administrativa do DF, que tem duas filhas.

Oportunidade

A falta de acesso a programas de educação, qualificação profissional, cultura, esporte, lazer e meio ambiente é um dos fatores apontados para o crescimento do número de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Com intuito de diminuir esses dados e mitigar esse sofrimento, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), em parceria com o Ministério Público do Trabalho do Estado do Pará e Amapá e o Tribunal de Justiça do estado do Pará, coloca em prática o Programa Escrevendo e Reescrevendo Nossa História (PERNOH). 

A iniciativa surgiu da necessidade de incentivar a reinserção social de jovens e adultos. Ela atua oferecendo cursos profissionalizantes gratuitos e oportunidades para o ingresso no mercado de trabalho. As atividades também contemplam egressos do sistema penal e pessoas que estão em cumprimento de medidas socioeducativas.

O diretor regional da ADRA no Pará, Sergio Fuckner explica que em seis anos de atuação, mais de 12 mil pessoas foram atendidas em 8 polos distribuídos no estado, sendo três na capital e outros cinco no interior. Eles estão localizados nas cidades de Marituba, Jacundá, São Geraldo do Araguaia, São João de Pirabas e Santarém Novo. “O objetivo principal é atender adolescentes, jovens, mulheres e adultos que, por causa da vulnerabilidade social, entraram no mercado ilícito de trabalho, delinquência, consumo e tráfico de drogas. Queremos levá-los ao mercado lícito do trabalho por meio de cursos profissionalizantes para que possam escrever e reescrever a sua história”, destaca o líder.

No local são oferecidos diferentes cursos profissionalizantes como: Informática com Excelência no atendimento, Manutenção de Celulares, Culinária, Cabeleireiro, Designer de Sobrancelhas, Empreendedorismo, Artesanato, Musicalização (teclado, violão e flauta doce) e Esportes, como Vôlei, Futsal, Hidroginástica, Futebol, aeróbica, natação e Jiu-Jitsu. Os alunos recebem assistência de 30 funcionários nos oito polos. As turmas funcionam durante todo o ano e cada curso tem duração média de quatro meses. 

Vida Transformada

O casal participou dos cursos profissionalizantes de cabelereiro e empreendedorismo em 2018. Após as aulas iniciaram um empreendimento no bairro onde residem. (Foto: Bruno Thiago)

Débora Boaventura e Marlisson Pimenta, de 23 e 32 anos, residentes da comunidade vulnerável do bairro do Una, em Belém, foram alguns beneficiados do programa. O casal participou dos cursos profissionalizantes de cabelereiro e empreendedorismo em 2018. Na época, a família estava passando por dificuldades financeiras e, através do conhecimento adquirido, conseguiram transformar a realidade. “Estávamos passando por uma crise de falta de dinheiro e a estrutura da família abalou. Mas depois que fizemos o curso, nos surpreendemos sobre como tudo mudou muito rápido”, conta Débora, que juntamente com o marido iniciou do zero e hoje tem uma barbearia e um salão de beleza no bairro onde moram. 

“Não ficamos mais sem dinheiro no bolso. Nossa família vive bem e estamos evoluindo. Se Deus quiser, daqui uns anos, vamos estar em um local maior”, comemora a empresária, que conta com um bom número de clientes. 

Débora ainda ressalta que o programa teve um papel fundamental na reestruturação de sua família. “Eles dão total assistência para os alunos. Nós fizemos a nossa parte e hoje colhemos bons frutos do benefício que o programa escrevendo e reescrevendo nossa história proporcionou a nossa família”, concluiu emocionada.

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